sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Nina Simone



Nascida Eunice Kathleen Waymon, em 21 de fevereiro de 1933, em Tyron, Carolina do Norte, EUA. Morre em 21 de abril de 2003, em Carry-Ke-Rouet, França.
Além de cantora foi pianista e compositora.
Artista fora de qualquer padrão. Original e inimitável. Mesmo que associada ao universo do jazz, em seus 50 anos de carreira, e 70 de vida, Nina Simone transitou livremente por gospel, blues, folk , pop, temas da Broadway, canções francesas, cânticos africanos, soul, música clássica. Ela afirmava que gostava de música clássica negra . Frisou que: “Jazz é um termo branco para definir o povo negro. Minha música é a música clássica negra”.
Independente das razões da cantora, pianista, compositora, doutora em Música e Humanidade e eterna ativista e iconoclasta, ou das restrições de muitos fundamentalistas do jazz, esse foi o campo no qual sua arte pôde germinar.
Como muitas das cantoras afro-americanas, o contato de Nina com a música veio cedo, ainda na infância. Sexta de 8 filhos, de uma pobre mas musical família de Tyron, Carolina do Norte, começou a tocar piano aos 3 anos e, quatro anos depois, já dominava o órgão na igreja.
Logo Nina tornou-se apaixonada pela obra de Bach, Chopin, Brahms, Beethoven e Shubert.
Após vários percalços devido ao racismo, logo aos 19 anos,começou a nascer o mito Nina Simone. O nome artístico, inicialmente escolhido para esconder dos pais a adesão à música comercial, juntava o apelido Nina,que um namoradinho lhe dera, com o Simone da atriz Simone Signoret, que a encantara no filme “Casque d’Or, de 1952.
Nina transitava entre o mundo da música clássica e o da música popular.
Afirmou: “Meu plano inicial era me tornar a primeira concertista de piano negra, não uma cantora. E nunca me ocorreu que iria tocar para plateias que conversavam e bebiam enquanto eu me apresentava. Então eu sentia que se eles não queriam escutar, deveriam ir para os seus infernos caseiros”.
Em 1959, chegou ao Top 20 da parada americana com a canção “I loves you Porgy”.Foi um caminho sem volta.:


Ela tinha um temperamento difícil o que me fez lembrar da nossa Elis Regina. Vejam uma de suas falas: “Costumam me associar a Billie Holiday apenas pelo fato de ambas sermos negras, mas nunca me comparam a Maria Callas, e sou mais diva como ela do que qualquer outra cantora. Quero ser lembrada como uma diva do início ao fim, alguém que nunca fez concessões ou se rendeu ao sistema, alguém que até o fim de seus dias manteve-se consistentemente a mesma pessoa”.



Para os fãs brasileiros- Em 1990 , Nina aceitou o convite de Maria Bethânia, também uma fã assumida, e participou do disco comemorativo de 25 anos de carreira da cantora baiana. É daqueles duetos à distância. Nina gravou piano e voz em Londres; Bethânia e seus músicos completaram a mediana “Pronta para cantar”-Ready to Sing(de Caetano Veloso) num estúdio carioca.


Fez imenso sucesso mas também teve um lado truculento em sua vida.
Após sua morte em 2004, vieram à tona detalhes mais íntimos de sua vida na biografia escrita por Sylvia Hampton, “Break Down and Let It Out”. Entre as revelações, a de que desde o final dos anos 1960 fora diagnosticada como bipolar. Apesar de medicada, Nina teria tido uns surtos, como atirar com uma pistola e ferir o filho de um vizinho alegando ter sido perturbada pela risada do garoto e seus amigos na piscina. Nina também atacou com arma de fogo um executivo da indústria do disco, a quem acusou de desviar dinheiro.
Para o público que deixou em todo o mundo, a obra fala mais alto.
Nina Simone continua na música, enquanto suas cinzas, atendendo seu pedido, foram espalhadas por diferentes países da África.



Algumas frases ditas por ela que falam um pouco sobre sua personalidade forte:

"Gastei muitos anos perseguindo a excelência, porque é nisso que se pauta a música clássica...Agora eu me dedico à liberdade, o que é muito mais importante"

"A escravidão nunca foi abolida da maneira americana de pensar".

"Penso que os ricos estão muito ricos e os pobres, pobres demais. Não penso que o povo negro vai progredir, penso que a maioria vai morrer".



Fonte: Antonio Carlos Miguel.

Um comentário:

  1. Muito bom Anastácia. Estou aguardando o lançamento da biografia dela por aqui.

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