quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Vitória de Samotrácia



 Nada como uma pessoa encantada pela outra!
O encantamento faz com que enxerguemos tudo de lindo no outro .
 Há anos atrás, fui conhecer uma pessoa com a qual eu só falava por computador mas ,sem fotos, sem referências físicas. Alguém se lembra do VP (vídeo papo)? Esse tipo de contato pode nos trazer surpresas lindas ou grandes decepções, já que não aprendemos a abdicar das expectativas. O encontro seria numa exposição de arte.
Eis que chega, com um sorriso iluminado o tal do amigo, até então uma incógnita para mim.
Nem precisamos perguntar nada pois já captamos  na hora que éramos os tais amigos.Fisicamente nada sabíamos um do outro mas nos conhecíamos de dentro para fora.
Veio ao meu encontro, me deu um abraço forte e delicioso e disse-me:
-Nossa , é a Vitória de Samotrácia!
Daí em diante uma linda amizade surgiu e até hoje sei que tanto eu quanto ele nunca esquecemos daquele dia e de outros que vieram depois.
Dessa linda lembrança , veio a vontade de discorrer sobre essa escultura que hoje se encontra no Museu do Louvre.
Encontrei um lindo texto sobre essa escultura, infelizmente anônimo, o qual passarei para vocês:

" A escultura Vitória de Samotracia, representada sob a forma de mulher alada e colocada sob a proa de um navio de guerra, foi criada para comemorar a vitória de uma batalha naval. Para muitos, esta mulher com um par de asas podia ser assim definida: "Sob o vento, as roupas de seu vestuário se levantam e, molhadas, colam-se ao corpo revelando formas, força, ímpeto e fôlego de vida." 

Nada mal, ao meu ver... Esta força... este ímpeto... este fôlego de vida... retratam bem o que se sente ao vê-la pela primeira vez no alto da escadaria de Daru. 

A obra-prima, encontrada em 1863, foi criada por volta de 190 a.C e possui 3,28 metros de altura. Ela embeleza uma das entradas de um dos três pavilhões abertos à visitação pública do Museu do Louvre: o Sully. Juntamente com a Mona Lisa (no pavilhão Denon) e a Vênus de Milo (também no pavilhão Sully), ela é ponto obrigatório de visita para todo e qualquer turista que chega à capital francesa e cruza a Pirâmide de Vidro (ainda controversa) para conferir a maior coleção de obras de arte do planeta. 

Mas, afinal, há muitos que se perguntam: quem foi Samotracia? Conta a história que um ainda novato escultor grego, sem muita fama e com um currículo artístico minguado, teria sido o criador desta mulher alada, tida como "a beleza em velocidade", uma obra-prima da época helenística. Para exaltar a originalidade de seu estilo e a imponência de sua forma, foi decidido que a criação de Pythocrito de Rhodes deveria ficar em um local que chamasse a atenção, preferencialmente bem no alto, no topo de algo, olhando para o mar aberto. 

E assim foi feito... A mulher alada foi colocada na proa de um navio, indicando a vitória de Rhodes sobre Antiochus III (222-187 B.C.). Esta era uma maneira comum dos gregos expressarem sua homenagem aos heróis de guerra. 

A Vitória de Samotracia foi concebida através da união de seis blocos de mármore, uma tradição da escultura grega, que costumava utilizar diferentes pedaços de pedra para esculpir suas obras de arte. Depois de séculos, ela acabou sendo descoberta por Charles Champoiseau, arqueologista e cônsul francês em Adrianople, em uma colina na Ilha de Samotracia, daí a razão de seu nome. 

Destruída pelo revezar do tempo, o arqueologista a encontrou fragmentada em 118 pedaços. A estátua só foi remontada no próprio Museu do Louvre, quando por lá aportou em 1864. No entanto, um dos mistérios que rodeiam Samotracia nunca foi solucionado: sua cabeça parece ter se perdido para sempre. Ainda nos dias atuais, ela é tida como uma das maiores expressões de arte da Era Helenística. Para refrescar a memória, a Era Helenística marcou a transição da civilização grega para a romana. 
Convencionou-se chamar de civilização helenística a que se desenvolveu fora da Grécia, sob influxo do espírito grego. Esse período histórico medeia entre 323 a.C., data da morte de Alexandre III (Alexandre, o Grande), e 30 a.C., quando se deu a conquista do Egito pelos romanos. 

Sempre que vou ao Louvre, não deixo de prestar minha homenagem à mulher alada, este símbolo de força, de ímpeto e de fôlego de vida. Subo as escadarias de Daru para chegar aos pés da beleza em velocidade e fico, inevitavelmente, pasma. Em fevereiro, durante minha última visita ao museu, ouvi alguém comentando, enquanto admirava a estátua grega: "Ela poderia ter qualquer cabeça." Fiquei pensando se esta não seria, sem querer, a mensagem da Vitória de Samotracia: a vitória de qualquer um, de alguém movido pela força, pelo ímpeto, pelo fôlego de vida. E se, mais ainda, esta não seria a razão de seu carisma! "

          Agradeço o lindo texto dessa pessoa que não se identificou mas que me emocionou.
Essa escultura teria sido encontrada na Ilha de Samotrácia, O local mais famoso da ilha é o Santuário dos Grandes Deuses, em grego "Hieron ton  Megalon theon". A escultura de "NIKI"
era o mais famoso artefato do santuário, estátua de mármore com 2,5 metros. Hoje a estátua " , que significa vitória em grego, é chamada de Vitória de Samotrácia.
Foi descoberta aos pedaços em 1863 pelo arqueólogo francês Charles Champoiseau.
Hoje encontra-se, decapitada no Museu do Louvre, em Paris.





          

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Kathara Deftera

 


          Como diz a palavra "kathara"=limpeza; deftera= segunda-feira (segunda-feira da limpeza)
          Para nós, ortodoxos gregos, à partir da segunda-feira ,após  a semana de Carnaval, começa a quaresma.Começaria uma limpeza física e espiritual.É um dia de feriado e também de jejum para os cristão. O jejum tem a duração de 40 dias, que seria o número de dias que Jesus jejuou no deserto.
          As refeições típicas desse dia, incluem pratos como taramosalata(vocês encontrarão a receita no blog), lula, polvo, saladas, feijão, lagana(pão feito especialmente para essa data sem óleo) e halva.
         Algumas pessoas fazem esse jejum durante uma semana e depois durante 40 dias apenas tiram carne e peixe até chegar a Páscoa.
         Há também o costume de soltar pipas.
        A kathara Deftera dá-se 40 dias antes da Páscoa.
Para a maioria das pessoas, Kathara Deftera significa excursões no campo, soltar pipas, música tradicional e uma festa com alimentos em jejum, como pão de lagana, taramas (ovas de bacalhau salgadas e curadas), halva, sopa de feijão e lula. Lagana é um tipo de pão sem fermento plano, polvilhado com sementes de gergelim. Quanto às pipas, antigamente as pessoas costumavam fazê-las sozinhas com juncos e papel. Mas, como isso requer boa habilidade na pesagem para que a pipa possa voar, hoje a maioria das pessoas compra peças já prontas. Os costumes desta excursão da Segunda-feira Limpa são chamados de koulouma .

Em muitas áreas da Grécia, os koulouma são celebrados de diferentes maneiras. Por exemplo, em Galaxidi, Clean Monday é tudo menos limpo, já que a partir do meio-dia e além, ocorrem as famosas lutas de farinha. Centenas de moradores e visitantes se reúnem no porto, onde uma incrível guerra é realizada com toneladas de farinha, fuligem e índigo. Toda a perseguição e provocação continua até o anoitecer. Este costume é bastante divertido, desde que sejam tomadas as precauções necessárias, como o uso de óculos de proteção, uma máscara e roupas adequadas.

          Entre vários pratos da Kathara Deftera, lhes passarei uma receita de Salada de frutos do mar. É uma receita trabalhosa mas que valerá à pena: saborosíssima




Ingredientes:
-2 xícaras de chá de vinho branco
-1 1/2 colher de chá de pimenta preta
- 3 dentes de alho
- 2 folhas de louro
- 3 litros de água
- sumo de um limão
- 900 g de polvo
- 450 g  de camarão médio descascado
- 450 g de lulas limpas e cortadas em anéis
-  450 g de carne de carangueijo
- 1/2 xícara de chá de cenouras cortadas
- 1/2 xícara de chá de cebolas cortadas
- 1/2 xícara de chá de azeite extra-virgem
- 1/2 xícara de chá de alho picado
- 1/2 xícara de chá de folhas de salsa picada
- 1 xícara de chá de raspas de laranja
- 1 xícara de chá de suco de laranja
- sal e pimenta à gosto
- azeite de oliva

Modo de fazer
          Despeje em uma panela grande o vinho branco, pimenta, dentes de alho, folhas de louro, água e suco de limão.
Quando começar a ferver, abaixe o fogo. Adicione o polvo e deixe ferver por 45 minutos ou até ficar macio. Tire o polvo do fogo e deixe esfriar no caldo(você pode preparar isso 2 dias antes se desejar). retire o polvo do caldo e leve à geladeira. Cozinhe os camarões e lula por 3 minutos e, em seguida, deixe-os esfriar no caldo.  retire o camarão e a lula e leve-os à geladeira.
Usando o mesmo caldo, cozinhe um pouco as cenouras  e as cebolas( 1 minutinho ou pouco mais). Escorra e deixe esfriar.
Retire a pele do polvo e deixe marinar por 1 hora em azeite extra virgem, coloque alho picado e salsinha. Pré- aqueça o grill e em uma grade quente , cozinhe o polvo por 10 minutos, ou até ficar macio. Corte-o em pedaços.

Misture os frutos do mar, os vegetais, as raspas e o suco de laranja em uma tijela grande e deixe marinar por pelo menos 12 horas antes de servir. Adicione sal e pimenta e regue com um bom azeite.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

A MALA




Qual a sensação de vocês ao olharem para essa foto???
Duvido que seja igual a minha.
Voltando algumas décadas, relembramos de vários imigrantes europeus chegando ao Brasil.
Vinham em navios onde levavam dias para chegarem a um país totalmente desconhecido onde
seus sonhos se realizariam, suas vidas tomariam novo rumo já que se tratava de um país novo que precisava de mão de obra.
Já contei a vocês em outro texto sobre a imigração e sobre como recebiam os estrangeiros que ali chegavam.
Pulemos essa parte e cheguemos aos antigos casarões de portugueses, transformados em espécie de pensões, que recebiam os imigrantes.
Não foi diferente com meus pais que acabaram num desses casarões, lá na Rua Conde São Joaquim, no bairro da Liberdade.
Era de um português simpático, segundo minha mãe, que carinhosamente iniciou meus pais na língua portuguesa.
Havia vários quartos, uma cozinha coletiva e um banheiro, pasmem!
Cada quarto, geralmente recebia uma família.
Eu já vinha na "barriguinha" da mamãe, depois de vários dias no navio Provence.
Que gente corajosa. País desconhecido,idioma desconhecido, nada de grana ,nem de amigos.
Só coragem e muita garra.
Depois de poucos meses, chego eu, mais uma moradora do tal quartinho!
Berço? Nem pensar!
Qual a saída que minha mãe encontrou?
Exatamente transformar uma das suas grandes malas em bercinho para mim.
Daí o fato dessa foto acima me despertar  tantos sentimentos: começo de vida, luta, carinho, aconchego, vitória....
Tenho certeza que ela forrou a mala com o melhor dos seus lençóis que deve ter bordado sozinha.
Vai ver que minha paixão por viajar foi despertada por esse meu primeiro abrigo: minha mala-berço. Daí por diante, a luta foi grande mas o que é isso para aquele casal maluquinho e empreendedor?
Minhas remotas lembranças desse tempo são os amigos, também gregos, que habitavam o primeiro quarto à direita, a grande cozinha com um "fogãozão" coletivo onde todos cozinhavam juntos. Ahhh, e aquele filtro que ficava numa prateleirinha no alto e que me obrigava a subir no banquinho , quando cresci um pouco(uns 2 aninhos de vida).
Logo meus pais compraram minha caminha de solteiro mas nunca poderia me esquecer da mala, fato que minha mãe me contou várias vezes nessa vida. Detalhe: eu cabia direitinho na mala que era bem maior que essa da foto!!!


quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

Macarronada tipicamente grega




       

          Cada povo tem seu jeitinho especial de apreciar determinados pratos.
         Apesar de a Grécia ser vizinha da Itália,famosa por suas massas, tem um jeito próprio de fazer a macarronada.
         Ao invés da massa "al dente" tão apreciada pela maioria, os gregos cozinham mais o macarrão.
         O modo mais simples e prático é o do spaghetti apenas com azeite ou manteiga e depois "mitzithra".
        "Mitzithra é um queijo branco, típico da Grécia , feito com soro produzido na confecção de outros queijos(feta, kefalotiri) e misturado com leite de ovelha ou cabra, tradicionalmente sem pasteurização. Existem variedades desse queijo, tanto frescas quanto curadas. Além de usado ralado nas massas, também são consumidos como sobremesa, misturado com mel e frutas, como aperitivo , em saladas etc. Fresca, mitzithra assemelha-se à ricota.
          Na Grécia, sempre observei meus familiares fazendo esse delicioso macarrão. O mesmo acontece até hoje aqui na casa da minha mãe e na minha(quando recebemos mitzithra) .Há duas maneiras de vocês fazerem esse macarrão.
Em primeiro lugar, após cozinhar o macarrão com pouco sal, coar e reservar.
Colocar em uma panela, manteiga ou azeite e, pode até misturar ambos.Deixar esquentar super bem e jogar o macarrão coado previamente.
Depois de misturar bem, colocar uma parte numa travessa, polvilhar com bastante "mitzithra" ou queijo ralado de sua preferência. daí ir fazendo camadas e repetindo processo.
Pode também, após coar o macarrão, já fazer camadas com queijo ralado .À parte, aqueça bem o azeite com um pouco desse queijo e jogue por cima do macarrão em camadas, já com o queijo ralado, apenas para finalizar.
          Quem preferir com molho, faça o molho se sua preferência e pode acrescentar canela em pau que dará um sabor bem grego!


domingo, 1 de fevereiro de 2015

LADENIA DE KIMOLOS( espécie de pizza da ilha de Kimolos-Grécia)

     
   

     


                           Fim de Domingão e logo vem a vontade de uma pizza!
                           Por que não falar sobre uma espécie de pizza, típica de uma ilha grega?
                           Trata-se da Ladenia,  especialidade da Ilha de kimolos.
                           O detalhe está na massa e nos tomates maduros.

                           Encontrei uma deliciosa receita no www.mersini.gr.

   
Ingredientes: (para o recheio)
- 2 tomates grandes maduros
- 3 cebolas em rodelas
-6 colheres de sopa de azeite
-1/2 colher de sobremesa de oréganos
- 1/2 colher de sobremesa de sal grosso
- 1/2 colher de sobremesa de pimenta moída na hora
Ingredientes: (para a massa)
- 10 gr. de fermento fresco
- 2 colheres de sopa de azeite
- 1/2 colher de sobremesa de açúcar
- 1 pitada de sal
- 1/2 colher de sopa de pimenta branca
- 1/2 xícara de água morna
- 500 gr. de farinha
Modo de fazer 
          Para a massa,coloque , numa tijela pequena o fermento, despeje  1/2 xícara de água quente e misture bem. Cubra com um pano por aproximadamente 10 minutos, até que a mistura comece a subir ligeiramente.
Em uma tijela grande funda, misture a farinha, o sal, o açúcar, a mistura do fermento e o azeite. Sove bem até que todo azeite seja absorvido e forme-se uma massa macia e elástica.
Cubra a tijela com filme transparente e deixe de lado em um ambiente quente por aproximadamente 40 minutos, até que a massa dobre de volume.
Unte levemente uma assadeira redonda com cerca de 38 cm de diâmetro, e coloque a massa no meio. espalhe-a devagar com os dedos
Adicione as cebolas cortadas em rodelas finase os tomates maduros. Tempere com sal grosso, polvilhe orégano e regue com azeite.
Asse em forno pré- aquecido, à 180 graus, por cerca de 50 minutos até dourar. Sirva quente.


       Aproveitando, falarei um pouco sobre a ilha de Kimolos.



Kimola, chamada pelos venezianos de"Argentiera".
Esse nome , provavelmente deriva da palavra giz em grego=kimolia, por causa da geologia da ilha que extrai uma perlita muito clara , quase branca como o giz.
Trata-se de uma ilha das Cyclades, à noroeste da Ilha de Milos. é uma ilha vulcânica, montanhosa e cheia de cavernas naturais. A população é de apenas 650 habitantes mais con centrados em Chora e no porto Psathi. A população dedica-se à agricultura, pecuária, à extração de perlita  e à pesca.
É uma ilha calma para quem prefere a paz e tranquilidade. Pode-se chegar ao porto Psathi através de ferryboats, vindos de Milos, Pireus ou das vizinhas Sifnos, Folegandros e Santorini.
Kimolos tem uma paisagem  árida mas também vales verdes com agricultura desenvolvida. Daí a possibilidade de encontrarmos bons produtos locais. Chora,cidade de Kimolos é uma explosão do passado.  Ruas estreitas, casas abandonadas e outros reformadas com estilo e bom gosto. Há pequenos bares e lojas.Há boas estradas mas pouco espaço para estacionamento. Encontramos também igrejas antigas.
O turista ideal para essa ilha, deve ser amante da paz, da simplicidade, da filosofia, bom observador e ansiosa para provar deliciosos pratos locais.
Fonte: kimolos-island.com