Nunca se falou tanto em corrupção, principalmente em nosso Brasil.O fato me remeteu a uma crônica do Affonso Romano Sant'Anna.Sempre atual e ,pelo visto, nada mudou.
A corrupção não é uma invenção brasileira.
Essa é a
conclusão (tola e científica) a que cheguei depois de ler dezenas de livros
sobre o assunto. O que talvez seja brasileira neste assunto é a incompetência
no seu combate.
Por exemplo: os
três governos mais corruptos dos Estados Unidos foram os de Grant, Harding e
Truman. No tempo de Grant, como disse o Senador Paul Douglas, “as ferrovias do
país compravam legisladores como se fossem gado”. E o próprio secretário do
presidente participava da “quadrilha do uísque”. Já o presidente Harding, como
lembram alguns historiadores, morreu por causa dos escândalos, embarcou numa
viagem para o Alasca. E para distrair-se, começou a jogar pôquer
desvairadamente. O trem seguia e ele seguia jogando por até 15 horas
consecutivas. Os assistentes se revezando na mesa de jogo, em turmas que
descansavam de três em três horas. Quando a comitiva presidencial chegou em São
Francisco, o presidente teve um ataque cardíaco.
Mas Truman teve
uma administração ainda mais corrupta. “ Nunca houve tanta corrupção praticada
por tantos funcionários públicos, em tantos lugares. A máquina arrecadadora de
impostos da nação estava infestada de alto e baixo de suborno”. Como diz
Francisco Bilac Pinto, “ Harry truman, longe de tomar medidas efetivas para
aniquilar a corrupção, em alguns
casos protegia os culpados, em outros permanecia indiferente
ou empregava a máquna da administração para bloquear e desviar os investidores
da corrupção. As fraudes foram reveladas, não por causa da administração, mas
apesar dela”.
E tem mais. O
governo Eisenhower teve inúmeros casos na mesma linha. E o santo Abraham
Lincoln, como relata em sua biografia Carl Sandburg, também usou práticas
corruptoras, ainda que para conseguir resultados louváveis, como a libertação
dos escravos em Nevada.
E para quem não
sabia, o governo Reagan já processou 113 membros e assessores, alguns dos quais
foram para a cadeia.
E aí é que está
o busílis da questão. A corrupção não é uma invenção brasileira. Mas ainda não
inventamos como botar na cadeia os corruptos. Esse desalento que sentimos é o
mesmo do senador Fullbright, que sobre os escândalos da era truman, disse:
“Escândalos no governo não constituem fenômeno novo. O que parece ser novidade,
a respeito desses escândalos, é a insensibilidade ou a apatia com aqueles que
exercem posições de responsabilidade se conformam com as práticas que os fatos
comprovam. É sumamente lamentável ter a corrupção no nosso meio, mas o mais
grave é perdoá-lo ou aceita-la como inevitável”.
Segundo os
historiadores, há dois séculos “a
Grã-Bretanha era uma cloaca de corrupção”. Muitas famílias finíssimas se
estabeleceram a partir daí e algumas deram até primeiro-ministro. Alguns dizem
que a moralização se deve à Rainha Vitória; outros, à religião metodista criada
por John Wesley. O fato é que, orgulhosamente, Paul Douglas diz: “A vida
política inglesa hoje é exercida em nível moral relativamente alto. Os
servidores civis que fazem andar a administração dos negócios públicos são
quase incorruptíveis e as eleições para o Parlamento são conduzidas com um
mínimo de suborno, calúnias e afrontas”.
E na Russia?
Kleptocracia- A
corrupção na União Soviética”, de Patrick Meney, onde há até tabela de “taxas
de corrupção”. Autores como Jean-François Revel e Fred Riggs estudam a
corrupção nos países do Terceiro Mundo e no universo sindical. E outros, como
Michael Johnston, consideram o “ custo e benefícios da corrupção” e nos ensinam
a “viver com a fera”.
Parece,
portanto, que todos estão acordes em que a corrupção existe em qualquer época e
regime. O que se quer é o “mínimo de
suborno”. Ou seja: em vez de deixar a fera solta devorando indistintamente tudo
e todos, coloca-la na jaula. Mantê-la sob dieta.
E no Brasil?
Aquele entrevero
entre o Presidente Sarney e Dom Luciano Mendes deixou uma série de ambiguidades
no ar.
Existe ou não existe corrupção? Existem ou não meios de
combatê-la? Um ministro chegou a dizer que era muito difícil, porque os
corruptos não deixam pista. Será que nossos corruptos são mais hábeis do que os
de outros países? Ou será que nossas leis são mal elaboradas? Lei é que não
falta. Acabo de descobrir uma ótima: Lei n.3.502, de Bilac Pinto, que “regula o
sequestro e o perdimento de bens nos casos de enriquecimento ilícito, por influência
ou abuso de cargo ou função”. É de 1985. E gostaria de saber o que fizeram com
ela. Por que esta lei não “pegou”?
Tente ler sobre a corrupção nos países asiáticos e vai achar que os relatos acima são de santinhos. Depois te mando uma tabulação que faço todos os anos da Transparência Internacional sobre a corrupção nos países do mundo
ResponderExcluirPois é, não parece privilégio só nosso.
ResponderExcluir