Qual a sensação de
vocês ao olharem para essa foto???
Duvido que seja igual
a minha.
Voltando algumas
décadas, relembramos de vários imigrantes europeus chegando ao Brasil.
Vinham em navios onde
levavam dias para chegarem a um país totalmente desconhecido onde
seus sonhos se
realizariam, suas vidas tomariam novo rumo já que se tratava de um país novo
que precisava de mão de obra.
Já contei a vocês em
outro texto sobre a imigração e sobre como recebiam os estrangeiros que ali
chegavam.
Pulemos essa parte e
cheguemos aos antigos casarões de portugueses, transformados em espécie de
pensões, que recebiam os imigrantes.
Não foi diferente com
meus pais que acabaram num desses casarões, lá na Rua Conde São Joaquim, no
bairro da Liberdade.
Era de um português
simpático, segundo minha mãe, que carinhosamente iniciou meus pais na língua
portuguesa.
Havia vários quartos,
uma cozinha coletiva e um banheiro, pasmem!
Cada quarto,
geralmente recebia uma família.
Eu já vinha na
"barriguinha" da mamãe, depois de vários dias no navio Provence.
Que gente corajosa.
País desconhecido,idioma desconhecido, nada de grana ,nem de amigos.
Só coragem e muita
garra.
Depois de poucos
meses, chego eu, mais uma moradora do tal quartinho!
Berço? Nem pensar!
Qual a saída que minha
mãe encontrou?
Exatamente
transformar uma das suas grandes malas em bercinho para mim.
Daí o fato dessa foto
acima me despertar tantos sentimentos:
começo de vida, luta, carinho, aconchego, vitória....
Tenho certeza que ela
forrou a mala com o melhor dos seus lençóis que deve ter bordado sozinha.
Vai ver que minha
paixão por viajar foi despertada por esse meu primeiro abrigo: minha
mala-berço. Daí por diante, a luta foi grande mas o que é isso para aquele
casal maluquinho e empreendedor?
Minhas remotas lembranças
desse tempo são os amigos, também gregos, que habitavam o primeiro quarto à
direita, a grande cozinha com um "fogãozão" coletivo onde todos
cozinhavam juntos. Ahhh, e aquele filtro que ficava numa prateleirinha no alto
e que me obrigava a subir no banquinho , quando cresci um pouco(uns 2 aninhos
de vida).
Logo meus pais
compraram minha caminha de solteiro mas nunca poderia me esquecer da mala, fato
que minha mãe me contou várias vezes nessa vida. Detalhe: eu cabia direitinho
na mala que era bem maior que essa da foto!!!
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