quinta-feira, 29 de fevereiro de 2024

As mães de Mani

 




Mães de Mani (Maniatisa mana)

 

Sempre soube da força do povo da região de Mani, na Grécia.

Começou pela minha mãe “maniata”, símbolo de força, garra, atitude, linda no seu jeito meio duro de ser. Isso para os desavisados que não conseguiram desvendar sua bondade e doçura.

Gostaria de mostrar a vocês a figura heróica das mães nas famílias de Mani. Tratava-se da figura mais respeitada, pilar essencial dos princípios familiares.

O dia a dia da mulher, em tempos passados mas nem tanto, era muito duro.

Logo ao acordar tinha que cuidar dos animais, das crianças e organizar o programa do dia. Teria que ir ao campo (à roça, como dizemos aqui no Brasil) até a hora do almoço. Chegar em casa, preparar a comida para a família. Em seguida lavar roupas, fazer limpeza da casa e voltar aos cuidados dos animais. Quando falo em animais , trata-se das ovelhas, principalmente, das  galinhas etc. Dependendo da necessidade, à noite deveria fazer pão, queijos, sentar ao tear para tecer o que fosse preciso. Isso sem falar na época de colheita, da debulha do trigo ou da colheita das azeitonas.

Os homens eram responsáveis pelos trabalhos mais pesados e trabalhos externos. Na verdade passavam também, e, alguns ainda passam, boa parte do tempo nos cafés papeando com os outros homens (cafenio é como chamamos). Trata-se do local  de encontros , de análise de problemas, provocações e discussões.

As mulheres não frequentavam os cafés( cafenia).

As mulheres se reuniam em lugares específicos , em terrenos com degraus de pedra, onde conversavam, faziam crochê, tricotavam, fofocavam , até dançavam e cantavam algumas vezes.

A diversão das crianças e adultos eram os casamentos e batizados e os ”panigiris”( espécie de quermesses).

Nas vésperas e dias da festa da igreja do vilarejo, aconteciam e acontecem festas nas praças e áreas externas, até o amanhecer.

Os mais esperados eram os “panigiris” porque neles os jovens flertavam e ainda flertam e acabam surgindo casamentos. Antigamente casamentos eram por apresentação (proxenio).

No final dos panigiris , as famílias hospedavam os que vinham de vilarejos vizinhos.

Isso aconteceu até meados dos anos 60( 1960).

Fui pesquisar e tentar vivenciar tudo isso o que me emocionou muito. O povo é acolhedor. Você chega nas humildes casas e já te estendem uma mesa farta com produtos próprios da região, frutos e verduras dos próprios campos, massas feitas pelas mulheres, pão caseiro, azeite e azeitonas da própria safra familiar, ovos das galinhas do quintal ... Enfim, que bom que isso não se perdeu totalmente com o passar dos anos e com o turismo chegando à linda região montanhosa, de mares límpidos.

 

Fonte de pesquisa: Mani, da autora Voula Kiriakéa, originária da região.







 

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