quarta-feira, 20 de maio de 2015

E a grega pára o ônibus...






          Aquela mulher alta, bonita, acaba de sair de uma consulta médica com sua bebezinha de meses.
          Imigrante, recém chegada, mal sabe se comunicar e já tem que digerir um diagnóstico assustador que um médico, de um posto qualquer, arriscou dar sobre sua filhinha.
Seria uma paralisia infantil ?
          Sai ela desesperada, com sua filha febril  no colo e toma o ônibus de volta para casa.
Ônibus lotado e ela se equilibrando com a filhinha quando sente um sujeito encostar nela.
Se não bastasse, passa a mão nela. Como pode, ela vai desviando e o motorista observando pelo espelho retrovisor. Vai tentando ir mais para frente e o sujeito insistindo...
Bastou! Ela pede que uma senhora segure sua bebezinha e avança no homem. Por azar dele e sorte da moça, ele tinha barbas. Bem dito, “tinha” já que ela começou a arrancar  a barba e dar um bom trato de arranhões e socos no abusado.
Pára tudo!  Eis que o motorista avista um posto policial numa praça e já para por lá mesmo.
O sujeito é levado e junto vai a moça com sua filha para a delegacia.
          O delegado ouve a história toda e se indigna. Manda levarem o causador do “reboliço”.
          Como eu costumo dizer, sempre surge um anjo da guarda quando mais se necessita.
Nesse caso foi o delegado. Comovido com a imigrante que mal conseguia se comunicar, entendeu que a bebezinha estava doente e mandou que um motorista a levasse ao seu médico particular imediatamente.
Como nada é por acaso, o médico constatou que se tratava apenas de uma friagem nas perninhas da menina, deu algumas pomadas, mandou dar uns banhos quentinhos e acalmou a mãe.
          Passados alguns dias, surge o delegado na pensão, onde morava a grega com seu marido e filhinha, para saber se tudo estava bem.
          Marie, minha mãe, nunca se esqueceu dessa história e  sempre reconta com detalhes, que minha filha ama ouvir.

          Como não ter orgulho de uma mulher dessas, cheia de atitude?

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