Vocês hão de estranhar essa
foto, logo de cara, ilustrando o título do meu texto.
Simples: Esse verde todo que vocês vislumbram
são oliveiras numa região de Peloponeso - Marathos, em Messinia. São vários sítios particulares de famílias,
com plantações de oliveiras, que lhes dão o azeite para consumo do ano todo.
Filha de gregos, cresci ouvindo falar sobre
os benefícios do azeite de olivas. Meu pai, que veio de uma família de
produtores de azeite dessa região, logo pela manhã, tomava uma colher de azeite
e eu estranhava o fato. Lá vinha ele com aquela conversa de grego de que azeite
é remédio e faz bem à saúde.
Sabe-se que o azeite de oliva possui um alto
valor nutricional devido ao seu teor de gordura monoinsaturada. O único
inconveniente do azeite de oliva, infelizmente, é o excesso de calorias que nos
obriga a consumi-lo em menor escala.
Na Grécia, as pessoas cozinham com azeite e
só consomem outro tipo de óleo por recomendação médica ou para evitar o excesso
de peso.
Para desfrutarmos de um azeite de alta
qualidade, é necessário todo um processo que começa com o cultivo orgânico das
oliveiras, de modo natural sem intervenções colaterais sobre o meio ambiente.
Os fertilizantes devem ser naturais e a lubrificação orgânica. As oliveiras não
são regadas e crescem naturalmente sem intervenção artificial.
Durante os
meses de verão, as famílias providenciam a poda. Alguns o fazem pessoalmente.
Ouve-se muito nessa época dizerem: “pame
na cladepsume” = “vamos podar”. Com a vinda de imigrantes de países
vizinhos (Albânia, Bulgária, Polônia e outros) passou-se a ter uma mão de obra
barata o que fez com que esse trabalho de poda e também de colheita fosse, também,
terceirizado.
A poda
A próxima
etapa, a da colheita, deve ser feita manualmente com as azeitonas ainda não
amadurecidas para obter um azeite de boa qualidade. Essa colheita varia de
acordo com as regiões. Dá-se a partir do final de outubro até final de
dezembro. Uns balançam as oliveiras para as azeitonas caírem, outros (como
fazia minha mãe), batem com galhos até que elas caiam sobre um forro, no chão.
Há também os meios mecânicos, as colheitadeiras.
A colheita
Em seguida,
armazenam-se as azeitonas em sacos ou em recipientes de madeira a fim de serem
levadas para as fábricas e serem moídas (prensadas). Trata-se da terceira fase
que é a da produção do azeite. Há todo um processo de lavagem das azeitonas. Em
seguida são centrifugadas e, assim, ao final, será medida a acidez do azeite. É
pesado e armazenado em recipientes de aço inoxidável.
(Prensagem e centrifugação)
Para quem realmente
gosta de azeite é importante saber da proveniência das azeitonas, do processo
de produção do azeite, do armazenamento, do tempo que está armazenado e do
nível de acidez.
Uma das
regiões onde se encontra o melhor azeite grego é kalamata, em Peloponeso, sul
da Grécia, cidade Natal de minha mãe.
Não é à toa
que as azeitonas e o azeite são temas frequentes entre nós. De lá vem nosso
azeite e azeitonas. Até um ovo frito num
azeite de qualidade fica um primor. Comum ver a salada grega (horiatiki) ou as
verduras embebidas no azeite de oliva. Quem alguma vez não mergulhou seu pão no
azeite? Dizemos “vouta to psomi” que significa “mergulhe o pão”. Imaginem
batatas fritas no azeite de oliva... Tudo de bom e o aroma, irresistível!
Basta
usarmos do bom senso, consumirmos o azeite de oliva com moderação e nossa saúde
agradecerá.