Mães de Mani
(Maniatisa mana)
Sempre soube
da força do povo da região de Mani, na Grécia.
Começou pela
minha mãe “maniata”, símbolo de força, garra, atitude, linda no seu jeito meio
duro de ser. Isso para os desavisados que não conseguiram desvendar sua bondade
e doçura.
Gostaria de mostrar
a vocês a figura heróica das mães nas famílias de Mani. Tratava-se da figura
mais respeitada, pilar essencial dos princípios familiares.
O dia a dia
da mulher, em tempos passados mas nem tanto, era muito duro.
Logo ao
acordar tinha que cuidar dos animais, das crianças e organizar o programa do
dia. Teria que ir ao campo (à roça, como dizemos aqui no Brasil) até a hora do
almoço. Chegar em casa, preparar a comida para a família. Em seguida lavar
roupas, fazer limpeza da casa e voltar aos cuidados dos animais. Quando falo em
animais , trata-se das ovelhas, principalmente, das galinhas etc. Dependendo da necessidade, à
noite deveria fazer pão, queijos, sentar ao tear para tecer o que fosse
preciso. Isso sem falar na época de colheita, da debulha do trigo ou da
colheita das azeitonas.
Os homens
eram responsáveis pelos trabalhos mais pesados e trabalhos externos. Na verdade
passavam também, e, alguns ainda passam, boa parte do tempo nos cafés papeando
com os outros homens (cafenio é como chamamos). Trata-se do local de encontros , de análise de problemas,
provocações e discussões.
As mulheres
não frequentavam os cafés( cafenia).
As mulheres
se reuniam em lugares específicos , em terrenos com degraus de pedra, onde
conversavam, faziam crochê, tricotavam, fofocavam , até dançavam e cantavam
algumas vezes.
A diversão
das crianças e adultos eram os casamentos e batizados e os ”panigiris”( espécie
de quermesses).
Nas vésperas
e dias da festa da igreja do vilarejo, aconteciam e acontecem festas nas praças
e áreas externas, até o amanhecer.
Os mais
esperados eram os “panigiris” porque neles os jovens flertavam e ainda flertam
e acabam surgindo casamentos. Antigamente casamentos eram por apresentação
(proxenio).
No final dos
panigiris , as famílias hospedavam os que vinham de vilarejos vizinhos.
Isso
aconteceu até meados dos anos 60( 1960).
Fui
pesquisar e tentar vivenciar tudo isso o que me emocionou muito. O povo é
acolhedor. Você chega nas humildes casas e já te estendem uma mesa farta com
produtos próprios da região, frutos e verduras dos próprios campos, massas
feitas pelas mulheres, pão caseiro, azeite e azeitonas da própria safra
familiar, ovos das galinhas do quintal ... Enfim, que bom que isso não se
perdeu totalmente com o passar dos anos e com o turismo chegando à linda região
montanhosa, de mares límpidos.
Fonte de pesquisa: Mani, da autora Voula Kiriakéa, originária
da região.