segunda-feira, 29 de setembro de 2025

PANTOPOLION- espécie de mercearias ou vendas


          Essa imagem me traz doces recordações de uma temporada que passei em Atenas por uns 5 meses, logo após minha primeira formatura universitária. A placa diz Pantopolion (Venda de tudo).

Talvez possamos traduzir como vendas ou mercearias.

Nos bairros , na Grécia, como nas cidades de interior , costumávamos encontrar várias dessas lojinhas. Hoje o número é bem menor dado o surgimento de redes de supermercados.

Porém ainda são muito úteis e é numa delas que eu costumava ir, quase que diariamente, quando passei uma temporada maior em Atenas, no bairro de Halandri. Ficava numa esquininha da Leoforos Pendelis. Eu me hospedava na casa de uma tia muito querida, Sra Aristea.

Na época não existiam celulares nem internet e nos comunicávamos muito por cartas e cartões, via correio. No Pantopolion, eu encontrava as folhas para cartas , os envelopes e os selos.

Lá mesmo havia uma caixa dos correios , em frente à lojinha.

Me lembram também os bazares dos árabes onde se encontra de tudo.

Hoje quem sabe seriam nossas lojas de conveniência???? 

Só que nessas vendinhas comprávamos frutas, ovos, leite e tudo mais que precisávamos. Havia revistas, cigarros , selos, cartões, envelopes, produtos de papelaria etc. De tudo, um pouco!

Como passei muitos meses, costumava comprar as revistas para praticar a língua grega. Enviava cartões e cartas aos familiares e amigos quase que diariamente.

De tanto tempo que passei por lá, o pessoal da vizinhança já me conhecia. Pertinho desse Pantopolion ficava um posto de gasolina , propriedade de um grande amigo dos meus tios, primos que moravam no mesmo bairro. 

O sr. Mitsos(diminutivo de Dimitris), me conheceu logo que cheguei, muito jovem e com aquelas calças apertadinhas e boca de sino!

Depois dos 5 meses passados, quem disse que as calças entravam?

Eu passava com os vestidos soltinhos e o sr Mitsos, gritava da outra calçada:"_Tacía, onde estão aquelas suas calças"??? Caíamos na risada!

Desde então, passadas décadas, aprendi que quando viajo para a Grécia, levo vestidos soltinhos. A gastronomia grega é deliciosa, irresistível. E o pão e queijos então???

A vida passa rapidinho para deixarmos os prazeres de lado. 

Em cada volta, me disciplino novamente e pronto.



Lê-se na placa do estabelecimento Παντοπολειον. A própria palavra já traz o significado. 
 

terça-feira, 9 de setembro de 2025

TREMOÇOS ( LUPINA)


TREMOÇOS





 

          Pesquisando um livro sobre a região de Mani (região do Peloponeso, sul da Grécia) e os costumes antigos, encontrei um destaque para

 os tremoços que nós gregos chamamos de Lupina.

          Outrora tratava-se de alimento para porcos ou pessoas pobres e famintas. Hoje está presente nas dietas vegetarianas.

Os tremoços fornecem poucas calorias e múltiplas propriedades, possuindo grande valor nutricional.

Tanto adultos como crianças apreciavam os tremoços e aguardavam ansiosamente a hora de degustá-los frescos.

Hoje em dia, aparecem nas feiras e mercados durante a Quaresma.

Em Stoupa, na região de Mani, havia nos dois lados da baía, os secadores de tremoços.

Na época da colheita, chegavam famílias de vilarejos vizinhos para preparem os tremoços. Ficavam por lá quantos dias fossem necessários.

Os tremoços eram semeados em Novembro e geralmente onde plantavam tremoços num ano, no outro plantavam trigo para que a terra ficasse mais robusta.

Em julho dava-se a colheita e havia todo um processo para isso. Para separar a fruta da casca , batiam, limpavam e lavavam e colocavam para secar nas “liastres”(secadoras).

Primeiro ferviam os  tremoços em grandes caldeirões, depois espalhavam-nos em sacos de pano enormes e os colocavam dentro do mar por 8 a 10 dias até tirar o amargos dos mesmos.

Após esse processo, os tremoços eram espalhados num terreno limpo para secarem ao sol. Nesse interim, eram virados de lado para melhor secagem. Serviriam de ração para os animais durante todo o inverno.

Atualmente , em alguns países são servidos em bares como petisco acompanhando bebidas.

Fonte: “Mani” de Voula Kiriakéa