sexta-feira, 11 de novembro de 2016

FINITUDE



Lá fui eu mais uma vez receber a aposentadoria da minha mãe, já que ela ainda está se recuperando de uma fase de “dodóis”.
Não me sinto bem indo sem ela ao meu lado, como sempre fazíamos.
Lá ia ela toda prosa, conversava com a moça do caixa, já sua amigona. Claro que já a presenteara com seus lindos cachecóis e viraram amigas.
Hoje , sentada aguardando minha vez entre os aposentados, vejo um homem um pouco mais novo do que eu, talvez, chegando com o pai, em passos lentos.
Me chamou a atenção pois ele vinha super carinhoso perguntando: “-Está tudo bem”? enquanto acariciava o pai que parecia adoentado, debilitado.
Daí aquilo tudo bateu em mim feito uma pedra imensa. Veio a lembrança do meu pai na fase debilitada, a lembrança dessa fase que vivo com a mamãe em recuperação . Meio que desmontei. Eles se sentaram atrás de mim e o filho dizia: “-Puxa pai, que legal, hoje o senhor já tomou banho, fez a barba, tomou seu café...”.Enquanto falava , passava a mão na cabeça do pai com muito carinho.
Sorte que eu estava de óculos porque as lágrimas rolaram e percebi que nunca estamos prontos para a finitude. Nossos entes queridos nos parecem eternos.
Nessa hora tento me conformar acreditando na vida eterna, em outras vidas, e em tudo que me dê uma esperança de “Infinitude”.

Difícil termos que nos bastar emocionalmente...