segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Contando os banhos de mar.


Estamos terminando o mês de Setembro e, na Grécia, terminando também o verão!
O mar faz parte da vida dos gregos em geral.
Na temporada de verão, grande parte das famílias se dirigem às suas casas de campo e praia.
Os que permanecem na zona urbana , muitas vezes, dispõe de ônibus da prefeitura local, que os leva para a praia diariamente, durante o verão. O pessoal da dita “terceira idade”, não perde seus banhos de mar diários porque considera  algo terapêutico. Quanto mais banhos de mar no verão, melhor passarão o inverno , sem as dores reumáticas principalmente.
Lembro-me que ,quando me hospedava em casa de uma tia em Atenas, ela vivia contando os banhos de mar que tomara. Percebi então, que todos os gregos têm o hábito de contar os banhos de mar.
Você ouve dizerem com toda alegria: “-Tomei 25 banhos de mar até agora!”, “-Tomei  32” e, por aí adiante.
Mesmo os jovens, com costumes mais modernos, ainda falam no número de banhos que tomaram.
 No último verão que estive em Kalamata, diariamente costumava frequentar a praia em frente o Hotel Filoxenia.
Quando eu e minha filha chegávamos, já encontrávamos aquelas dezenas de cabecinhas, sempre protegidas com chapéus e bonés, espalhadas pela praia ou lá no meio do mar, se deliciando e papeando .
O ônibus local os deixa cedo na praia e os busca no horário do almoço.
Claro que eles vêm munidos dos seus lanchinhos para não gastar muito na lanchonete da praia
Se quiserem cadeiras e guarda-sóis, basta pagar uns 3 euros e os terão com todo conforto como se fossem hóspedes do hotel.
Fato engraçado é que eles não vêm já vestidos com seus trajes de banho ou, se vêm, após saírem do mar , na hora de voltar para casa, se enrolam em toalhas e se trocam na maior folga, sem pudores.
Adoro isso. Gente que vive a vida do jeito que dá mas sempre tirando o melhor: os banhos de mar em companhia dos amigos, os bate –papos, a troca de lanchinhos e bebidinhas , o que os leva a uma vida mais saudável.



Ficam horas papeando no mar!















Serviço de praia sem discriminação








Variedade de petiscos


                                                                                                                                                                         
E lá vai a turma para seu banho de mar número ????

quinta-feira, 10 de setembro de 2015

Grécia vista por Ignácio de Loyola Brandão


Há algum tempo atrás li um texto do Ignácio de Loyola Brandão sobre minha querida Grécia, em tempos de crise.
Pensei que só nós, os amantes dessa terra, por sermos gregos ou descendentes, tivéssemos um olhar carinhoso e um orgulho mais do que justificado por nossas raízes.
Deparei-me com um texto tão emocionante, tocante que resolvi passar para os que ainda não leram.
Trata-se de um olhar de alguém com cultura e sensibilidade e que soube, mesmo em épocas de crise, vislumbrar o espírito grego.
Eu confesso que me envergonho por não conhecer mitologia grega mas prometo que farei um curso logo que possível.
Trata-se de um texto meio longo mas imperdível!O autor sabe escrever, sabe nos tranportar para onde se situa, para tudo que viu e sentiu.Obrigada Loyola Brandão.

Segue texto na íntegra:
"Chegamos ao olho do furacão, em "plena crise"grega. Que hora de ir para a Grécia, nos diziam as pessoas. O povo está nas ruas revoltado, vocês são loucos! Chegamos  num domingo à tarde e encontramos realmente o povo nas ruas. Aqui, no bairro de Plaka, à sombra da Acrópole, o povo estava por toda a parte, sentado nos bares, passeando, comendo e bebendo, conversando e aproveitando uma bela tarde de sol, sob um céu profundamente azul. E ainda estamos na baixa estação, daqui a pouco vai ferver. Claro, há uma crise, há apreensão, vai haver uma nova eleição, a Alemanha pressiona a Europa para tirar a Grécia da zona do euro, o que trará problemas econômicoa e de desemprego.Logo a Alemanha, dizem os gregos, que enriqueceu com a adoção do euro?

Plaka , bairro central, é silencioso como uma aldeia, com melros que cantam nos telhados e nas árvores. Terminamos o dia com o mesmo ritual do terraço da casa de renato Assumpção Faria, ministro conselheiro da embaixada do Brasil, amigo de longo tempo. E, claro, araraquarense de boa cepa, ele e Márcia cresceram juntos, vizinhos parede-meia.Sentamo-nos de frente para a Acrópole que se ergue à nossa frente, quase como se estivesse dentro de casa, copos de vinho branco na mão, ou uma tacinha de tsipouros, a grapa grega, cercadsos por vasilhas de diferentes tipos de azeitonas.
Ah, as azeitonas gregas! A sólida, imensa rocha onde se situa o Paternon, vai mudando de cor à medida que a noite desce e as luzes começam a acender, acentuando relevos e mistérios e emocionando quase às lágrimas. Porque sabemos estar diante do mais  da célebre monumento da civilização ocidental, com seus 2.500 anos de história, filosofia, pensamento, democracia. Aqui se criou tudo. Aqui o homem se pensou.
Subimos à Acrópole por longas rampas. Caminhada de horas. A visão que se tem do alto é de 360 graus. Como se pudéssemos ver a Grécia inteira. Parte dos tesouros arqueológicos do Partenon foi levada para o estrangeiro, principalmente para a Inglaterra, por Lord Elgin. Bem que Melina Mercouri, quando foi ministra da Cultura, tentou reaver. Quem disse? A história do mundo, da antiguidade até hoje, é feita de destruições, saques, pilhagens. Estou queimado pelo sol grego. Todas as aulas de história nos vêm à cabeça, sem contar que Renato Faria sabe tudo, conhece tudo,
Um daqueles poucos diplomatas que se enfronham na história do país em que está servindo. Também, mitologia grega é a fascinação, a criatividade. Atenas, que ta mbém conhecemos como Minerva, nasceu da cabeça de Zeus. Pronta, como escudo, lança e tudo mais. Deusa da sabedoria, da guerra, da ciência. De olhos verde-azulados. Virgem.
Antonio Maggialetti, formado em letras francesas em Pavia, que a cada dia entra na cozinha e prepara uma lasanha de alcachofras, ou um rigatoni com molho de linguiça italiana, segundo uma receita de bari, conectou-se à internet e programpu nossa viagem a duas ilhas, Myconos e Santorini. Tínhamos de escolher, começamos por Cyclades. A viagem de avião entre Atenas e Myconos dura 25 minutos. A viagem de barco entre Myconos e Santorini dura 3 horas pelo Flying Cat, veloz. Depois conto nossa aventura pelo Mar Egeu, nesse barco, com uma tempestade na cabeça. Imagino o que Ulisses passou naquelas frágeis embarcações. Myconos precisa ser visitada antes que as turbas de turistas dos cruzeiros (que descem, passeiam, olham e não gastam um euro) cheguem. Então-e esta foi uma época perfeita-, pode-se caminhar tranquilamente pelo labirinto de ruas brancas, com portas e janelas coloridas. Nosso hotel, o Madalena, ficava numa elevação, acima do porto velho, como uma vista a perder de vista, como dizem no interior. Contemplando o Egeu verde-azulado, com osolhos de Atenas.

Hotel Madalena-Myconos


Um barco sai pela manhã para ilha de Delos, essencial. Pois ali nasceu Apolo, o mais belo homem do mundo antigo, deus das artes, da música e da fortuna. Nasceu de Leto e Zeus e seu parto foi dramático, porque Hera, mulher de Zeus, enraivecida pela "traição", proibiu que todos a brigassem Leto.Finalmente, em Delos, uma ilha que vagava pelo mar, e era invisível, Leto deu á luz Apolo. No mesmo momento, cadeias de diamantes prenderam a ilha ao fundo do mar e ela se tornou invisível. O que era i-dilos (não visível) tornou-se Dilos(visível). Os deuses gregos tinham tudo de humanos, paixões, amores, ciúmes, traições, raiva, vingança, bondade. Se querem um conselho(pode parecer tolo, mas enfim), venham para a Grécia depois de ler mitologia. Na volta, prometo reler a Odisséia e a Ilíada. Estarei fazendo ao contrário, mas levarei comigo, para sempre, esta visão da Acrópole que fecha cada dia nosso.


Delos                                                                                               

           
                                                                                                            Apolo


Terra do iogurte com mel. Nunca provei igual, nem provarei, a não ser aqui, quando voltar. Terra de peixes, lulas, polvos, anchovas, carneiros, leitões, coelhos (come-se muito, deliciosos), queijo feta, queijos variados, tomates suculentos, alho, alecrim, azeitonas,(foi Atenas, a deusa, que criou a azeirona, base da civilização mediterrânea), favas, pimentões, pepinos que brilham de tão verdes e saborosos, laranjas sanguíneas que nos dão um suco rubro e doce. Tudo regado com o elixir da Grécia, o azeite de oliva. E ainda vou falar de Santorini( de perder o fôlego), De Sunio, do pôr de sol, da lua crescente. Vou contar como nasceu o croissant que todos imaginam ser francês, mas não é.
Nessa hora, agradeço a Monteiro Lobato por "Os Doze Trabalhos de Hércules", livro que li e reli na infância. No fundo, preparou meu espírito para desfrutar o que estou percorrendo. Incrível, mas na verdade, o que se gravou lá atrás fica. E daquio, deste modesto canto de jornal, faço um apelo:pare com isso, Europa;pare com isso , Alemanha. Deixem a Grécia em paz com seus deuses, suas ilhas, seus mares verdes e azuis, suas oliveiras, seus vinhos, seu iogurte inigualável. Tudo começou aqui, deixem continuar. A vida é alegria! Viva Dionísio e Baco(e aqui cito noss, e viva o Zé Celso Martinez), viva Afrodite (Vênus), viva Hermes (Mercúrio), patrono de todos nós, viajantes, e viva Hestia(Vesta), a virgem, protetora dos corações e da luz.


















quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Mulheres, menos chatice, mais leveza!



Assim como eu, Martha Medeiros também adorou a trilogia de filmes, todos filmados em paisagens lindas, como a Grécia.
            São "Antes do Amanhecer", "Antes do pôr do sol" e, por último ,"Antes de anoitecer".
            Tratam da problemática de um casal. Começam apaixonados e a chatice da mulher acaba atrapalhando tudo e empacando a relação.
            Assim como a protagonista do filme Celine, nós mulheres, em graus diferentes, somos mesmo chatas muitas vezes.
            Assistam a trilogia que é linda e depois leiam a crônica :"As  chatonildas" que transcrevo abaixo.









"Sou gamada pelos filmes Antes do Amanhecer e Antes do Pôr-do-Sol. Ambos, na época, me inspiraram crônicas, e não seria diferente agora com a obra que, acho eu, encerra a trilogia, Antes da Meia-Noite, a maior DR cinematográfica recente. Não tão bom quanto os filmes anteriores, mas bom também, agora o casal protagonista, Jesse e Celine, enfrenta uma crise conjugal clássica. 

Qualquer pessoa que tenha vivido uma relação de mais de um ano - vá lá, dois anos - já protagonizou cenas quase idênticas. Somos todos iguais, o que me estarrece, visto que a charmosa Celine, que conquistou aquele guapo no primeiro filme da série e o fez perder o rumo de casa no segundo, se transformou na Maior Chata da História, assim mesmo, com maiúsculas. E o que é pior: essa Maior Chata da História, ai, é meio parecidinha conosco. 

Celine pira. Faz perguntas inibidoras para o marido, numa tentativa de encurralá-lo nas próprias palavras. Busca sempre alguma entrelinha por trás do que o coitado do marido ousou falar. Tira conclusões estapafúrdias pela própria cabeça, faz drama por qualquer bobagem, não sabe se vai ou se fica. É o capeta travestido de mulher. Se você já assistiu ao filme, duvido que não tenha se identificado com pelo menos 10 minutos da histrionice da personagem, e estou sendo generosa, poderia tranquilamente falar aqui em identificação de meia-hora - ainda sendo generosa. 

Não que os homens sejam santos. Eles azucrinam. São os garotos de 12 anos que não crescem, como admitiu semana passada o David Coimbra, que sabe tudo. Ainda assim, nada justifica nossa aporrinhação. Mulher é bicho tremendamente chato. Umas mais, outras menos. Rogo a Deus que eu esteja entre as menos. Por via das dúvidas, não perguntem aos meus ex. 

O que nos absolve (um pouco) é que a intenção é das melhores: só queremos limpar a área, clarear os problemas. Falamos, falamos, falamos, mas no fundo sonhamos com a paz do entendimento. Por isso, não nos cobrem, não nos façam de tolas, não nos sobrecarreguem: entendam que a paciência esgotou, não somos as mães universais, as eternas boazinhas e compreensivas, isso já deu. Mas precisamos transmitir esse nosso “deu” com menos verborragia, concordo. 

Pra não terminar essa crônica ressaltando apenas a chatice feminina, destaco uma frase do filme que aponta uma saída. Diz um personagem secundário: “o amor que sentimos por alguém não é o mais importante, o que interessa é o amor que sentimos pela vida”. Sábias palavras. Se o casal concorda que a vida é breve e merece ser apreciada com alegria e generosidade, sem valorização das encrencas, sem perpetuar traumas de infância, sem pensamentos estreitos, sem nenhuma espécie de rigidez, a relação poderá vir a ser um passeio no campo. Ame a vida, e meio caminho andado para um romance leve. 

Mas, claro, ajudará muito se nós, gurias, controlarmos a nossa doidice nata."