Ultimamente a polêmica sobre as ciclovias é enorme aqui em São Paulo
O problema não são as ciclovias que, com certeza, seriam uma
solução para uma cidade abarrotada de carros e muito poluída.
Porém, o como isso tudo vem acontecendo, sem bons
planejamentos, sem orientação para os cidadãos, tornou a vida dos paulistanos
um inferno.
Li uma crônica muito interessante da Martha Medeiros que
transcrevo abaixo para que vocês possam perceber como as coisas deveriam ser
feitas!
“Simples Assim”
"Recebi um e-mail da prefeitura avisando que de agora até
abril de 2016 haverá a construção de uma superciclovia cortando toda a área
central da cidade. Eles dizem que durante a primeira fase dos trabalhos serei
avisada sobre quais ruas devo evitar nas horas de pico e também serei
comunicada quando houver algum desvio. Disseram também que o transporte público
nãoserá afetado, mas poderá eventualmente acontecer algum atraso nos horários
previstos de chegada dos ônibus nas estações.
Por fim, divulgaram um site onde encontro uma animação em 3D
reproduzindo todo o trajeto da ciclovia, incluindo os cruzamentos e a
sinalização, assim como as datas de início e conclusão de cada trecho e
horários de atendimento por telefone para esclarecimento de dúvidas.
O e-mail é
da prefeitura de Londres. Cerca de dois anos atrás, passei um mês estudando lá
e comprei um Oyester Card, que é um cartão para transitar por transporte
público pot toda a cidade. Fiquei cadastrada no mailing deles e desde então
recebo periodicamente as informações sobre o trânsito da capital inglesa. Sei
quais linhas de metrô e ônibus sofrerão atraso, quais serão as alterações de
rota nos feriados e nos períodos de obras, recebo pedido de desculpas pelos
transtornos e agradecimento pela minha cooperação.
A cada vez
que recebo um comunicado desses, lembro como é ser tratada como cidadã. E
penso: é assim que tinha que ser. Tudo. Tudo na vida. Não sou inimiga da
flexibilidade, há modos diversos de se administrar uma cidade, um
relacionamento de trabalho, porém muitos problemas seriam eliminados se
optássemos pela maneira consagrada a que sempre funcionou: transparência e
assertividade.
Como é que
tem que ser? Se te perguntam, responda. Se te emprestam, devolva. Sem dinheiro,
não compre. Se te dão, agradeça. Se te confiaram, cuide. Se te agridem,
afaste-se. Se te pagaram, entregue. Se cansou, pare, Se te confidenciaram,
silencie. Se te roubaram, acuse. Se colocou no mundo, crie. Se contratou, pague.
Se gostou, fique. Se não gostou, recuse. Se errou, desculpe-se. Se acertou,
repita. Se tem que fazer, faça. Se prometeu, cumpra. Se vai atrasar, avise. Se
te necessitam, ajude. Se você precisa, peça.
É feito um
relógio. Tique-taque, no ritmo da eficiência. Porém, as pessoas fogem desse
esquema porque acreditam que ficarão engessadas, que serão chamadas de caretas
ou que terão uma existência simplista. Que bobagem. Elas apenas adiantarão seu
lado a fim de ganhar tempo para se dedicarem à deliciosa anarquia da vida,
aquela que, aí sim, nunca teve tique-taque. Se gamar invista,. Se sofrer, azar.
Se der frio na barriga, celebre. Se vacilar, tente de novo. Se parecer longe,
vá igual. Se der nunca fez, arrisque. Se der medo, vença-o. Se não souber, invente.
Se falhar, ria. Se cansou, viaje. Se calor, praia. Se calhar, Londres."
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