Sempre fui muito
maternal e, desde cedo, adorava crianças, batizei várias e andava para todo
canto com elas.
Por outro lado meu
objetivo nunca foi casar-me cedo. Precisava estudar tudo que queria, viajar,
preparar-me para depois ter a serenidade para encarar uma união , uma
maternidade.
Até naqueles joguinhos
de adolescência, em que precisávamos colocar a idade que desejávamos nos casar,
eu era sempre a que colocava de 27 anos para cima. Coisa rara entre as minhas
amigas.
Assim foi. Estudei
tudo que senti vontade, viajei bastante, trabalhei e já na maturidade me casei
e fui mãe. O casamento terminou mas o que restou é tudo de bom: minha filha!
Quando engravidei,
muito tranquila, me perguntava como seria quando meu filho(a) tivesse uns 10,
15 ou 18 anos. Eu seria uma velha? Conseguiria acompanhá-lo(a)?
Os anos foram passando
e eu sempre de perto, acompanhando cada passo, cada conquista, cada choro, cada
febre da minha menina. Depois dela completar 5 anos, me separei do pai dela e a
parada foi eu mais ela! Menina ativa, sempre envolvida no futebol, nas
brincadeiras, fez com que fôssemos “freguesas” assíduas da ortopedia do
Hospital S. Camilo. Lembro-me dela, sempre com espírito muito crítico e estilo
justiceira, pegando o bloquinho onde pediam que deixássemos opiniões sobre os
serviços do hospital. Com suas letrinhas ainda infantis, reclamava da cadeira
de rodas, disso ou daquilo ou simplesmente elogiava.
Semana passada, ela
agora com 18 anos, teve um mal estar e lá fomos nós para o S.Camilo.
Passamos pela consulta
e a médica pediu que ela fosse medicada lá mesmo. Ficamos esperando e chegou a
vez dela. Levantei-me rapidinho e na hora de entrar na sala de medicação, fui
barrada. O segurança perguntou a idade dela . 18 anos? Não pode mais entrar
acompanhada. Ela entrou sozinha e eu voltei murchinha para minha cadeira.
De repente caiu a
ficha! Minha menina não era mais menina. Passou um filme pela minha cabeça.
Me emocionei. Percebi que o tempo fora
bondoso comigo. Como sempre brinco, meus deuses gregos estiveram de plantão
esse tempo todo me mantendo firme e forte para acompanhar o crescimento da
minha filha.
Que bom, ela já deu
alguns vôos altos e eu só na retaguarda.
Que voe bem mais alto,
seja feliz e eu estarei por aqui assistindo, aplaudindo, acudindo quando
necessário.
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