Coisas da Tacía
Alguns amigos pediram que eu criasse uma página ou um blog com as minhas "coisas". Resolvi me aventurar e farei um mix bem variado: indicações, sugestões , músicas, imagens e textos. Espero que gostem. Bem vindos!
sábado, 29 de novembro de 2025
O MOMENTO GREGO
quarta-feira, 26 de novembro de 2025
TESMOFÓRIA- uma celebração da fertilidade da terra
Tesmofória era um festival agrícola dedicado à deusa Deméter. Era realizado exclusivamente por mulheres no início do ano agrícola, ou seja, (meados de outubro até meados de novembro), em Atenas e nos municípios da Ática. Somente mulheres casadas participavam , não homens. A punição para as infratoras era a cegueira ou a morte.
A participação exclusiva de mulheres não deve nos surpreender, pois a Teesmofória era um festival de fertilidade e, portanto, as mulheres eram as mais indicadas para participar por razões biológicas. Assim, seu papel era muito importante para o funcionamento das cidades da Antiguidade, para a preservação e a realização de rituais de fertilização .
As evidências das escavações revelam a longa duração do culto a Deméter. Para a celebração das Tesmofórias, muitas informações provêm das Tesmofórias de Aristófanes. Sabemos que sua duração era de cinco dias e que começavam no nono dia de Pyaneption.
Esse primeiro dia era dedicado à preparação para o festival. As mulheres desenterravam de fossas as oferendas que haviam feito anteriormente à deusa Deméter, em um momento que desconhecemos.
Essas oferendas incluiam símbolos de fertilidade, como porcos sacrificados e efígies em forma de órgãos genitais masculinos feitos de massa. Os restos dessas oferendas eram recolhidos e espalhados pelos campos , acreditando-se que essa mistura os tornaria mais férteis.
No dia seguinte, 10 de Pyaneption, as mulheres ricas de atenas desciam à baía de Faliraki e realizavam a Tesmofória de Alimuth.
Lá faziam sacrifícios à deusa Deméter e dançavam.
Os primeiros dias podem ser considerados de preparação. O primeiro dia oficial do festival era dia décimo primeiro de Pyaneption, o chamado Anodos. Era o dia em que uma procissão organizada de mulheres se reunia em um ponto específico da cidade e partia para o campo, onde permaneciam por três dias.
O décimo segundo dia era chamado de Quaresma ou Mesi. Era um dia de luto por esse motivo e não havia sessões judiciais nem reuniões do Parlamento.
As mulheres lamentavam sentadas em ramos de salgueiro ao redor da estátua de Deméter, assim como ela lamantava a perda de sua filha.
Comiam "sesamoutes", doces feitos de sementes de gergelim e romã, trocavam palavrões , em memória das obscenidades que Iambe dirigia a Deméter para animá-la.
O último dia era dedicado a Calígena, deusa do bom nascimento.
As mulheres proeminentes de cada cidade ofereciam um banquete para todas as mulheres que participavam do festival das Tesmofórias. A realização de um banquete em honra a Calígena indicava que as Tesmofórias não eram um ritual voltado exclusivamente para a fertilidade dos campos. Ao que tudo indica, durante esses dias, as mulheres desejavam e almejavam sua própria fertilidade e o nascimento de filhos saudáveis.
FONTE: Stavros Asimakopoulou
helenismosonline.gr
segunda-feira, 29 de setembro de 2025
PANTOPOLION- espécie de mercearias ou vendas
Talvez possamos traduzir como vendas ou mercearias.
Nos bairros , na Grécia, como nas cidades de interior , costumávamos encontrar várias dessas lojinhas. Hoje o número é bem menor dado o surgimento de redes de supermercados.
Porém ainda são muito úteis e é numa delas que eu costumava ir, quase que diariamente, quando passei uma temporada maior em Atenas, no bairro de Halandri. Ficava numa esquininha da Leoforos Pendelis. Eu me hospedava na casa de uma tia muito querida, Sra Aristea.
Na época não existiam celulares nem internet e nos comunicávamos muito por cartas e cartões, via correio. No Pantopolion, eu encontrava as folhas para cartas , os envelopes e os selos.
Lá mesmo havia uma caixa dos correios , em frente à lojinha.
Me lembram também os bazares dos árabes onde se encontra de tudo.
Hoje quem sabe seriam nossas lojas de conveniência????
Só que nessas vendinhas comprávamos frutas, ovos, leite e tudo mais que precisávamos. Havia revistas, cigarros , selos, cartões, envelopes, produtos de papelaria etc. De tudo, um pouco!
Como passei muitos meses, costumava comprar as revistas para praticar a língua grega. Enviava cartões e cartas aos familiares e amigos quase que diariamente.
De tanto tempo que passei por lá, o pessoal da vizinhança já me conhecia. Pertinho desse Pantopolion ficava um posto de gasolina , propriedade de um grande amigo dos meus tios, primos que moravam no mesmo bairro.
O sr. Mitsos(diminutivo de Dimitris), me conheceu logo que cheguei, muito jovem e com aquelas calças apertadinhas e boca de sino!
Depois dos 5 meses passados, quem disse que as calças entravam?
Eu passava com os vestidos soltinhos e o sr Mitsos, gritava da outra calçada:"_Tacía, onde estão aquelas suas calças"??? Caíamos na risada!
Desde então, passadas décadas, aprendi que quando viajo para a Grécia, levo vestidos soltinhos. A gastronomia grega é deliciosa, irresistível. E o pão e queijos então???
A vida passa rapidinho para deixarmos os prazeres de lado.
Em cada volta, me disciplino novamente e pronto.
Lê-se na placa do estabelecimento Παντοπολειον. A própria palavra já traz o significado.
terça-feira, 9 de setembro de 2025
TREMOÇOS ( LUPINA)
Pesquisando
um livro sobre a região de Mani (região do Peloponeso, sul da Grécia) e os
costumes antigos, encontrei um destaque para
os tremoços que nós gregos chamamos de Lupina.
Outrora
tratava-se de alimento para porcos ou pessoas pobres e famintas. Hoje está
presente nas dietas vegetarianas.
Os tremoços fornecem poucas calorias e múltiplas propriedades, possuindo grande valor nutricional.
Tanto
adultos como crianças apreciavam os tremoços e aguardavam ansiosamente a hora
de degustá-los frescos.
Hoje em dia,
aparecem nas feiras e mercados durante a Quaresma.
Em Stoupa,
na região de Mani, havia nos dois lados da baía, os secadores de tremoços.
Na época da
colheita, chegavam famílias de vilarejos vizinhos para preparem os tremoços.
Ficavam por lá quantos dias fossem necessários.
Os tremoços
eram semeados em Novembro e geralmente onde plantavam tremoços num ano, no
outro plantavam trigo para que a terra ficasse mais robusta.
Em julho
dava-se a colheita e havia todo um processo para isso. Para separar a fruta da
casca , batiam, limpavam e lavavam e colocavam para secar nas “liastres”(secadoras).
Primeiro
ferviam os tremoços em grandes
caldeirões, depois espalhavam-nos em sacos de pano enormes e os colocavam
dentro do mar por 8 a 10 dias até tirar o amargos dos mesmos.
Após esse processo, os tremoços eram espalhados num terreno limpo para secarem ao sol. Nesse interim, eram virados de lado para melhor secagem. Serviriam de ração para os animais durante todo o inverno.
Atualmente , em alguns países são servidos em bares como petisco acompanhando bebidas.
Fonte: “Mani”
de Voula Kiriakéa
quarta-feira, 27 de agosto de 2025
O passeio com as formigas
O passeio com as formigas
De vez em
quando dou uma fugidinha para fazer um detóx corpo/mente.
Vou para um
spa no interior e mudo toda minha rotina.
Já formamos
grupo de amigos que , muitas vezes, se reencontram por lá. Temos até uma mesa
especial onde o pessoal vai chegando e é acolhido. Tudo nessa mesa é diferente.
Só nela existem temperos de todos os tipos que cada um de nós vai levando . Isso ajuda a enfrentar nossa dieta light sem muitos problemas. Cada um vai
conhecendo um pouco dos outros e aprendendo a lidar com as diferenças, as
angústias, as insatisfações, carências. Às vezes chega um embrurrado e "dá-lhe" uma boa palavra para melhorar o dia.
Formamos uma
família imperfeita ,como todas, mas acolhedora.
Todos os
dias, após o café da manhã, há as caminhadas.
A maioria
faz isso em grupo mas eu escolhi andar sozinha na pista do spa, com meus fones
de ouvidos e minhas playlists variadas, dependendo do meu estado de espírito.
Perdão,
corrigindo. Não ando sozinha. Sou eu e as formigas.
Não consigo
deixar de prestar a atenção no árduo trabalho que elas iniciam logo cedo. Tomo
o maior cuidado em não pisar em alguma e não interromper suas caminhadas intermináveis. Carregam folhinhas, mini gravetinhos, imensos para seus tamanhos
. porém não desistem e seguem firmes.
Muitas vezes
paro para observá-las e refletir sobre a vida mesmo.
Às vezes
carregamos pesos imensos que parecem insuportáveis mas seguimos e tudo passa.
Elas me animam e continuo minha
caminhada vencendo meus limites a cada dia.
Cada pessoa
que chega a esse spa, tem algum motivo maior, um objetivo, uma angústia, dores
ou apenas necessidade de relaxar para seguir tocando a vida.
Para mim é
aonde recarrego minhas energias, volto mais leve satisfeita e grata por esse
privilégio tão raro.
sábado, 19 de abril de 2025
ANASTACIA-origem do nome e quando se comemora na Grécia
O nome Anastacia (Anastacios) tem sua origem na língua grega antiga e vem especificamente do verbo "anistemi", que significa ressuscitar ou "fazer alguém se levantar".
Muitos diminutivos são usados entre os quais:
Natassa, Sissy, Tasoula, Tacia, Tasso, Sia, Soula, Sasha, Nastasia, Anasta, Tassa, Nasa...
O meu apelido é Tacía ou Tacia e para uns parentes dos EU, Tessy.
Já a forma maculina, Anastasios, tem os seguintes diminutivos:
Tasos, Sakis, Tasoulis, Anestis, Tasis, Soulis, Nasos etc
Por essa razão, cada pessoa escolhe celebrar a data com base em qual Santo ou Santos seu nome é dedicado ou qual evento da fé ortodoxa ela quer homenagear.
Eu comemoro no dia 22 de dezembro e também na Páscoa.
Portanto o nome Anastacia, Anastacio, pode ser celebrado em várias datas.
Segue uma lista para que cada um identifique o seu dia.
● Domingo de Páscoa (festa móvel baseada na Páscoa Ortodoxa)
● 10 de março: Anastasia, a Patrícia
● 15 de abril: a Mártir Anastasia
● 12 de outubro: a Virgem Mártir Anastasia
● 29 de outubro: Anastasia (a Romana)
● 22 de dezembro: Pharmakolytria (Anastasia)
No caso em que o nome Anastacia vem do masculino Anastacios, há várias outras datas. Seguem os dias:
● 22 de janeiro: Anastácio, o Persa
● 24 de janeiro: Anastácio, o Persa (Anakomidis Leipsanos)
● 01 de fevereiro: o neomártir Anastácio de Nafplio
● 10 de fevereiro: Anastácio (Jerusalém)
● 20 de abril: Anastácio (Antioquia)
● 21 de abril: Santo Anastácio de Sanaitis
● 21 de junho: o mártir Anastácio, o Ressuscitado
● 08 de julho: o novo santo mártir Anastácio
● 08 de agosto: o falecido Anastácio
● 17 de setembro: o Santo Anastácio de Chipre
● 20 de setembro: os discípulos de São Máximo, os dois Confessores Anastácio
● 25 de outubro: o mártir Anastácio
● 18 de novembro: o novo mártir Anastácio
● 5 de dezembro: Anastácio, o Mártir
Geralmente as Anastasias preferem comemorar na Páscoa. Eu comemora nas duas datas.
cabe a cada um escolher o santo a ser homenageado.
Fonte:https://coolweb.gr
sexta-feira, 18 de abril de 2025
A CRUZ COM A CHAMA DA LUZ SANTA
Um dos muitos costumes da Páscoa Ortodoxa Grega é receber da Igreja a "luz sagrada" na noite da Ressurreição.
Todos os anos vamos à igreja à noite, no sábado da ressurreição.
Exatamente à meia noite o padre começa a passar a "luz". Acendemos nossas velinhas e dizemos em voz alta: "Cristos Anesti"(Jesus Ressuscitou).
Ao chegarmos às nossas casas, fazemos na soleira da porta da frente , o sinal da cruz, com a nossa chama da Ressurreição, que ficará impressa (como vocês podem observar na foto acima).
Essa cruz , mesmo que pareça preta e mal feita, será o anjo da guarda da casa o ano todo. Não deixará entrar nenhum mal ou infortúnio. Ela trará felicidade, saúde e boa sorte para o lar o ano todo. Depois podemos acender uma lâmpada de óleo ou vela com essa chama, que pode ser colocada na mesa de Páscoa , ao redor da qual a família se sentará para comer as cobiçadas refeições de Páscoa depois de dias de jejum.
Geralmente o que serve após a meia noite é a "Mageritsa"
Vocês poderão encontrar a receita no meu blog no título "As tradições e costumes da Semana Santa Ortodoxa Grega.









