sábado, 29 de novembro de 2025

O MOMENTO GREGO

     




O que faz as pessoas mudarem mesmo ficando apenas três dias na Grécia???
          Li esse texto e resolvi compartilhar com vocês, de modo a entenderem o porquê do meu amor pela Grécia.
          Há vários lugares bonitos e existe a "Grécia", onde algo mais profundo acontece às pessoas.
          Todos chegam para aproveitar as praias, as ilhas, o continente, o sol  e a gastronomia. Porém o que guardam para sempre na memória é algo diferente. É aquele "momento grego"!
-uma avó te parando na rua para lhe oferecer uvas.
-um desconhecido insistindo para você sentar e tomar um café (porque você parece cansado).
-o dono de uma taverna recusando cobra-lhe a sobremesa.
-um beco estreito ao por- do- sol que, de repente, parece um lar.
-uma refeição tão simples que você não entende porque tem um sabor tão emocional.
-um silêncio à beira-mar que revigora todo o seu corpo.
          Pergunte a todas as pessoas que já foram à Grécia e terão uma história para contar. 
E, geralmente não são as praias, são as pessoas, a alma, o calor humano. pequenas coisas que não existem em nenhum outro lugar.
Talvez seja por isso que as pessoas continuam voltando. Não porque a Grécia seja perfeita mas porque ela parece humana em um mundo que está se tornando cada vez menos humano. 
Porque na Grécia...o tempo desacelera, as pessoas te notam, a vida tem um gosto diferente.
Por um breve momento você se lembra de quem você é realmente e não de quem o mundo diz que você deva ser.
Esse é o efeito grego. Não precisa de luxo, não precisa de marketing.
acontece por si só.

Fonte: Giannis Kriaras


quarta-feira, 26 de novembro de 2025

TESMOFÓRIA- uma celebração da fertilidade da terra


          Tesmofória era um festival agrícola dedicado à deusa Deméter. Era realizado exclusivamente por mulheres no início do ano agrícola, ou seja, (meados de outubro até meados de novembro), em Atenas e nos municípios da Ática. Somente mulheres casadas participavam , não homens. A punição para as infratoras era a cegueira ou a morte.

A participação exclusiva de mulheres não deve nos surpreender, pois a Teesmofória era um festival de fertilidade e, portanto, as mulheres eram as mais indicadas para participar por razões biológicas. Assim, seu papel era muito importante para o funcionamento das cidades da Antiguidade, para a preservação e a realização de rituais de fertilização . 

          As evidências das escavações revelam a longa duração do culto a Deméter. Para a celebração das Tesmofórias, muitas informações provêm das Tesmofórias de Aristófanes. Sabemos que sua duração era de cinco dias e que começavam no nono dia de Pyaneption.

Esse primeiro dia era dedicado à preparação para o festival. As mulheres desenterravam de fossas as oferendas que haviam feito anteriormente à deusa Deméter, em um momento que desconhecemos.

Essas oferendas incluiam símbolos de fertilidade, como porcos sacrificados e efígies em forma de órgãos genitais masculinos feitos de massa. Os restos dessas oferendas eram recolhidos e espalhados pelos campos , acreditando-se que essa mistura os tornaria mais férteis.

          No dia seguinte, 10 de Pyaneption, as mulheres ricas de atenas desciam à baía de Faliraki e realizavam a Tesmofória de Alimuth.

Lá faziam sacrifícios à deusa Deméter e dançavam.

Os primeiros dias podem ser considerados de preparação. O primeiro dia oficial do festival era dia décimo primeiro de Pyaneption, o chamado Anodos. Era o dia em que uma procissão organizada de mulheres se reunia em um ponto específico da cidade e partia para o campo, onde permaneciam por três dias.

O décimo segundo dia era chamado de Quaresma ou Mesi. Era um dia de luto por esse motivo e não havia sessões judiciais nem reuniões do Parlamento.

As mulheres lamentavam sentadas em ramos de salgueiro ao redor da estátua de Deméter, assim como ela lamantava a perda de sua filha.

Comiam "sesamoutes", doces feitos de sementes de gergelim e romã, trocavam palavrões , em memória das obscenidades que Iambe dirigia a Deméter para animá-la.

O último dia era dedicado a Calígena, deusa do bom nascimento.

As mulheres proeminentes de cada cidade ofereciam um banquete para todas as mulheres que participavam do festival das Tesmofórias. A realização de um banquete em honra a Calígena indicava que as Tesmofórias  não eram um ritual voltado exclusivamente para a fertilidade dos campos. Ao que tudo indica, durante esses dias, as mulheres desejavam e almejavam sua própria fertilidade e o nascimento de filhos saudáveis.

FONTE: Stavros Asimakopoulou

helenismosonline.gr

segunda-feira, 29 de setembro de 2025

PANTOPOLION- espécie de mercearias ou vendas


          Essa imagem me traz doces recordações de uma temporada que passei em Atenas por uns 5 meses, logo após minha primeira formatura universitária. A placa diz Pantopolion (Venda de tudo).

Talvez possamos traduzir como vendas ou mercearias.

Nos bairros , na Grécia, como nas cidades de interior , costumávamos encontrar várias dessas lojinhas. Hoje o número é bem menor dado o surgimento de redes de supermercados.

Porém ainda são muito úteis e é numa delas que eu costumava ir, quase que diariamente, quando passei uma temporada maior em Atenas, no bairro de Halandri. Ficava numa esquininha da Leoforos Pendelis. Eu me hospedava na casa de uma tia muito querida, Sra Aristea.

Na época não existiam celulares nem internet e nos comunicávamos muito por cartas e cartões, via correio. No Pantopolion, eu encontrava as folhas para cartas , os envelopes e os selos.

Lá mesmo havia uma caixa dos correios , em frente à lojinha.

Me lembram também os bazares dos árabes onde se encontra de tudo.

Hoje quem sabe seriam nossas lojas de conveniência???? 

Só que nessas vendinhas comprávamos frutas, ovos, leite e tudo mais que precisávamos. Havia revistas, cigarros , selos, cartões, envelopes, produtos de papelaria etc. De tudo, um pouco!

Como passei muitos meses, costumava comprar as revistas para praticar a língua grega. Enviava cartões e cartas aos familiares e amigos quase que diariamente.

De tanto tempo que passei por lá, o pessoal da vizinhança já me conhecia. Pertinho desse Pantopolion ficava um posto de gasolina , propriedade de um grande amigo dos meus tios, primos que moravam no mesmo bairro. 

O sr. Mitsos(diminutivo de Dimitris), me conheceu logo que cheguei, muito jovem e com aquelas calças apertadinhas e boca de sino!

Depois dos 5 meses passados, quem disse que as calças entravam?

Eu passava com os vestidos soltinhos e o sr Mitsos, gritava da outra calçada:"_Tacía, onde estão aquelas suas calças"??? Caíamos na risada!

Desde então, passadas décadas, aprendi que quando viajo para a Grécia, levo vestidos soltinhos. A gastronomia grega é deliciosa, irresistível. E o pão e queijos então???

A vida passa rapidinho para deixarmos os prazeres de lado. 

Em cada volta, me disciplino novamente e pronto.



Lê-se na placa do estabelecimento Παντοπολειον. A própria palavra já traz o significado. 
 

terça-feira, 9 de setembro de 2025

TREMOÇOS ( LUPINA)


TREMOÇOS





 

          Pesquisando um livro sobre a região de Mani (região do Peloponeso, sul da Grécia) e os costumes antigos, encontrei um destaque para

 os tremoços que nós gregos chamamos de Lupina.

          Outrora tratava-se de alimento para porcos ou pessoas pobres e famintas. Hoje está presente nas dietas vegetarianas.

Os tremoços fornecem poucas calorias e múltiplas propriedades, possuindo grande valor nutricional.

Tanto adultos como crianças apreciavam os tremoços e aguardavam ansiosamente a hora de degustá-los frescos.

Hoje em dia, aparecem nas feiras e mercados durante a Quaresma.

Em Stoupa, na região de Mani, havia nos dois lados da baía, os secadores de tremoços.

Na época da colheita, chegavam famílias de vilarejos vizinhos para preparem os tremoços. Ficavam por lá quantos dias fossem necessários.

Os tremoços eram semeados em Novembro e geralmente onde plantavam tremoços num ano, no outro plantavam trigo para que a terra ficasse mais robusta.

Em julho dava-se a colheita e havia todo um processo para isso. Para separar a fruta da casca , batiam, limpavam e lavavam e colocavam para secar nas “liastres”(secadoras).

Primeiro ferviam os  tremoços em grandes caldeirões, depois espalhavam-nos em sacos de pano enormes e os colocavam dentro do mar por 8 a 10 dias até tirar o amargos dos mesmos.

Após esse processo, os tremoços eram espalhados num terreno limpo para secarem ao sol. Nesse interim, eram virados de lado para melhor secagem. Serviriam de ração para os animais durante todo o inverno.

Atualmente , em alguns países são servidos em bares como petisco acompanhando bebidas.

Fonte: “Mani” de Voula Kiriakéa

quarta-feira, 27 de agosto de 2025

O passeio com as formigas


 

                                      O passeio com as formigas



De vez em quando dou uma fugidinha para fazer um detóx corpo/mente.

Vou para um spa no interior e mudo toda minha rotina.

Já formamos grupo de amigos que , muitas vezes, se reencontram por lá. Temos até uma mesa especial onde o pessoal vai chegando e é acolhido. Tudo nessa mesa é diferente. Só nela existem temperos de todos os tipos que cada um de nós vai levando . Isso ajuda a enfrentar nossa dieta light sem muitos problemas. Cada um vai conhecendo um pouco dos outros e aprendendo a lidar com as diferenças, as angústias, as insatisfações, carências. Às vezes chega um embrurrado e "dá-lhe" uma boa palavra para melhorar o dia.

Formamos uma família imperfeita ,como todas, mas acolhedora.

Todos os dias, após o café da manhã, há as caminhadas.

A maioria faz isso em grupo mas eu escolhi andar sozinha na pista do spa, com meus fones de ouvidos e minhas playlists variadas, dependendo do meu estado de espírito.

Perdão, corrigindo. Não ando sozinha. Sou eu e as formigas.

Não consigo deixar de prestar a atenção no árduo trabalho que elas iniciam logo cedo. Tomo o maior cuidado em não pisar em alguma e não interromper suas caminhadas intermináveis. Carregam folhinhas, mini gravetinhos, imensos para seus tamanhos . porém não desistem e seguem firmes.

Muitas vezes paro para observá-las e refletir sobre a vida mesmo.

Às vezes carregamos pesos imensos que parecem insuportáveis mas seguimos e tudo passa. Elas me animam  e continuo minha caminhada vencendo meus limites a cada dia.

Cada pessoa que chega a esse spa, tem algum motivo maior, um objetivo, uma angústia, dores ou apenas necessidade de relaxar para seguir tocando a vida.

Para mim é aonde recarrego minhas energias, volto mais leve satisfeita e grata por esse privilégio tão raro.

 


 

sábado, 19 de abril de 2025

ANASTACIA-origem do nome e quando se comemora na Grécia


          Na Grécia temos o hábito de, além do aniversário, comemorarmos o dia do santo do nome.

O nome Anastacia (Anastacios)  tem sua origem na língua grega antiga e vem especificamente do verbo "anistemi", que significa ressuscitar ou "fazer alguém se levantar".

Muitos diminutivos são usados entre os quais:

Natassa, Sissy, Tasoula, Tacia, Tasso, Sia, Soula, Sasha, Nastasia, Anasta, Tassa, Nasa...

O meu apelido é Tacía ou Tacia e para uns parentes dos EU, Tessy.

Já a forma maculina, Anastasios, tem os seguintes diminutivos:

Tasos, Sakis, Tasoulis, Anestis, Tasis, Soulis, Nasos etc

Por essa razão, cada pessoa escolhe celebrar a data com base em qual Santo ou Santos seu nome é dedicado ou qual evento da fé ortodoxa ela quer homenagear.

Eu comemoro no dia 22 de dezembro e também na Páscoa.

Portanto o nome Anastacia, Anastacio, pode ser celebrado em várias datas. 

Segue uma lista para que cada um identifique o seu dia.

● Domingo de Páscoa (festa móvel baseada na Páscoa Ortodoxa)
● 10 de março: Anastasia, a Patrícia
● 15 de abril: a Mártir Anastasia
● 12 de outubro: a Virgem Mártir Anastasia
● 29 de outubro: Anastasia (a Romana)
● 22 de dezembro: Pharmakolytria (Anastasia)

No caso em que o nome Anastacia vem do masculino Anastacios, há várias outras datas.  Seguem os dias:

● 22 de janeiro: Anastácio, o Persa
● 24 de janeiro: Anastácio, o Persa (Anakomidis Leipsanos)
● 01 de fevereiro: o neomártir Anastácio de Nafplio
● 10 de fevereiro: Anastácio (Jerusalém)
● 20 de abril: Anastácio (Antioquia)
● 21 de abril: Santo Anastácio de Sanaitis
● 21 de junho: o mártir Anastácio, o Ressuscitado
● 08 de julho: o novo santo mártir Anastácio
● 08 de agosto: o falecido Anastácio
● 17 de setembro: o Santo Anastácio de Chipre
● 20 de setembro: os discípulos de São Máximo, os dois Confessores Anastácio
● 25 de outubro: o mártir Anastácio
● 18 de novembro: o novo mártir Anastácio
● 5 de dezembro: Anastácio, o Mártir

Geralmente as Anastasias preferem comemorar na Páscoa. Eu comemora nas duas datas.

cabe a cada um escolher o santo a ser homenageado.

Fonte:https://coolweb.gr

 

sexta-feira, 18 de abril de 2025

A CRUZ COM A CHAMA DA LUZ SANTA

 

          Um dos muitos costumes da Páscoa Ortodoxa Grega é receber da Igreja a "luz sagrada" na noite da Ressurreição.

Todos os anos vamos à igreja à noite, no sábado da ressurreição.

Exatamente à meia noite o padre começa a passar a "luz". Acendemos nossas velinhas e dizemos em voz alta: "Cristos Anesti"(Jesus Ressuscitou).

          Ao chegarmos às nossas casas, fazemos na soleira da porta da frente , o sinal da cruz, com a nossa chama da Ressurreição, que ficará impressa (como vocês podem observar na foto acima).

           Essa cruz , mesmo que pareça preta e mal feita, será o anjo da guarda da casa o ano todo. Não deixará entrar nenhum mal ou infortúnio. Ela trará felicidade, saúde e boa sorte para o lar o ano todo. Depois podemos acender uma lâmpada de óleo ou vela com essa chama, que pode ser colocada na mesa de Páscoa , ao redor da qual a família se sentará para comer as cobiçadas refeições de Páscoa depois de dias de jejum.

         Geralmente o que serve após a meia noite é a "Mageritsa"


          Trata-se de uma sopa tradicional e é o primeiro prato que contém carne após o jejum da quaresma. Cozido com legumes, endro, miúdos de carneiro e arroz. Feito principalmente com ervas. Trata-se de um prato muito trabalhoso.

Vocês poderão encontrar a receita no meu blog no título "As tradições e costumes da Semana Santa Ortodoxa Grega.